Transtorno do espectro autista: como é feito o diagnóstico?

O transtorno do espectro autista (TEA) afeta o desenvolvimento do cérebro e se caracteriza por dificuldades de comunicação e interação, assim como padrões restritos e repetitivos de comportamento.
Muitos pais ou outros cuidadores se questionam qual o momento certo para buscar ajuda profissional para o diagnóstico do TEA. O ideal é que procurem assim que percebam ou suspeitem dos sinais em seus filhos.
Isso porque, quanto mais precoce for a identificação do transtorno do espectro autista, melhor para iniciar as intervenções que ajudam a estimular o desenvolvimento da criança e sua qualidade de vida.
Portanto, é importante que a família esteja sempre observando os marcos do desenvolvimento esperados para cada faixa etária e procure auxílio especializado quando houver atraso ou não forem observados.
Sinais
Os sinais referentes ao TEA podem ser notados logo nos primeiros anos de vida das crianças.
No que diz respeito a habilidades de comunicação e interação, a lista inclui dificuldade em manter contato visual; não responder ao próprio nome por volta dos nove meses de idade; não demonstrar expressões faciais e de sentimentos; fazer poucos gestos por volta de um ano.
Engloba, ainda, não mostrar ou apontar para coisas por volta dos 18 meses; não tentar contato com outras crianças ou interagir para brincar com elas por volta dos três anos; atrasos na aprendizagem de linguagens, falas e interações sociais.
Já os comportamentos e interesses restritos ou repetitivos envolvem repetir as mesmas palavras ou frases inúmeras vezes; focar em partes específicas de objetos ou lugares; chatear-se com pequenas mudanças; manifestar interesses de forma exagerada e obsessiva; necessitar de algumas rotinas específicas; reagir de forma estranha a alguns sons, cheiros, gostos ou texturas.
Em alguns casos, o transtorno do espectro autista pode resultar em habilidades surpreendentes, como facilidade para aprender visualmente, atenção aos detalhes ou uma capacidade de memória acima da média e grande concentração em uma área de interesse específica durante um longo período de tempo.
Equipe profissional
De modo geral, ainda não existem marcadores biológicos específicos ou exames focados no diagnóstico do TEA. Por ser um transtorno complexo, um time de diferentes profissionais pode ser envolvido, como neurologistas, pediatras, psicólogos, psiquiatras, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.
Além das observações de comportamentos e do desenvolvimento infantil natural, são feitas entrevistas com pais ou outros cuidadores e professores.
Alguns exames também podem ser solicitados para investigar as causas e doenças associadas. Entre eles, exames de sangue, de audição, eletroencefalograma (EEG), cariótipo com pesquisa de X frágil e ressonância magnética nuclear.
Embora não possam ser usados com fins diagnósticos, existem testes de rastreamento que podem ajudar. Um deles é o M-CHAT (Modified Checklist for Autism in Toddlers), questionário para identificar indícios do TEA em crianças de 18 a 24 meses.
Recursos lúdicos
Na clínica de psicologia infantil, alguns recursos lúdicos são muito úteis com pacientes que têm transtorno do espectro autista no sentido de estimular sua capacidade de comunicação, de identificação e expressão das emoções.
Um exemplo é o jogo de cartas e tabuleiro ‘Caçando expressões: trabalhando a agilidade visual e a identificação das emoções’, de autoria da psicóloga Sonia Moretti e publicado pela editora RIC Jogos.
Para uso com o público acima de três anos de idade, tem como objetivos trabalhar a identificação das expressões faciais, conversar sobre elas e estimular a agilidade visual (rastreio visual), a atenção e a percepção (características pessoais).