TOD e o treinamento de habilidades e resolução de problemas
O transtorno de oposição desafiante (TOD) geralmente afeta crianças e adolescentes. No Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM), integra o bloco de transtornos disruptivos e é definido como um padrão de humor irritável, comportamento questionador/desafiante e índole vingativa.
É comum que a garotada passe por uma fase mais rebelde. No entanto, muitas vezes, esse comportamento não é apenas um traço de personalidade, mas, sim, parte dos sintomas do TOD.
Indivíduos com o transtorno de oposição desafiante tendem a desafiar regras, ser instáveis, ansiosos, agitados, irritados, teimosos e desobedientes. Por isso, são constantemente repreendidos e punidos, o que lhes causa frustração e baixa autoestima.
Causas e sintomas
A origem do TOD não é exata, mas a maioria dos especialistas aponta para o efeito cumulativo de vários fatores de risco que se originam em questões biológicas, psicológicas e sociais. Sendo assim, é possível afirmar que a causa é multifatorial com natureza cumulativa.
Os sintomas, muitas vezes, podem ser confundidos com traços de uma personalidade difícil ou com outros transtornos, como o de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH).
Crianças e adolescentes com transtorno de oposição desafiante tendem a ter sua vida bastante impactada pelos sintomas em casa, na escola e nas demais interações sociais. Isso ocorre justamente pela dificuldade de se compreender que essas atitudes são sintomas de uma patologia que pode e deve ser tratada.
Por isso, é importante que pais ou outros responsáveis, assim como educadores, fiquem atentos para que a ajuda de um especialista seja procurada o quanto antes e o diagnóstico e o tratamento sejam feitos adequadamente.
Tratamento
O tratamento do TOD geralmente envolve uma combinação de intervenções comportamentais, terapias familiares e, em alguns casos, medicamentos.
A psicoterapia é fundamental para ajudar crianças e adolescentes com o transtorno porque possibilita ressignificar os comportamentos negativos que atrapalham o dia a dia e o desenvolvimento infantojuvenil.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) vem sendo utilizada com eficácia para ajudar os pacientes a desenvolverem habilidades de autocontrole e resolução de problemas.
As técnicas de acesso utilizadas na TCC têm como função melhorar a qualidade de vida do indivíduo, potencializando suas funções preservadas e estimulando novas habilidades. Além dos aspectos cognitivos, visam também as questões emocionais e comportamentais.
Na terapia cognitivo-comportamental para o transtorno de oposição desafiante, é necessário trabalhar o treinamento cognitivo em autoinstrução, automonitoramento dos sintomas e estratégias de conscientização do próprio comportamento, autoavaliação, autocontrole, reestruturação cognitiva e prevenção de recaídas.
Por sua vez, o treinamento dos pais/responsáveis inclui o ensino de habilidades específicas para manejar e modificar comportamentos desafiadores.
Ferramenta
Diferentes recursos lúdicos podem ser utilizados no treinamento de habilidades na infância e adolescência nos contextos clínico, familiar e escolar. Um deles é o ‘Socialize-se: um jogo para aprender a se relacionar’, de autoria das psicólogas Andressa Henke Bellé e Elisabete Schuh e publicado pela editora RIC Jogos.
Para uso com o público a partir de 5 anos, a ferramenta é composta de cartões ilustrados, cartas-respostas e quadro de pontuação de cores, além de outros materiais que apoiam os jogadores na aprendizagem de novos comportamentos sociais.
Os objetivos são abordar pensamentos e emoções típicos diante de cenas e contextos sociais específicos e educar sobre o comportamento assertivo a ser adotado nessas situações.