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Resumo do Carrinho

    29/05/2023

    Seletividade alimentar na infância: o que é e como lidar?

    A seletividade alimentar é classificada como transtorno alimentar restritivo/evitativo (TARE). Embora atinja todas as faixas etárias, é eminentemente prevalente na infância, especialmente na fase pré-escolar, entre dois e três anos, período em que as crianças buscam por autonomia e começam a escolher e selecionar os alimentos.

     

    Mais do que um comedor exigente, quem tem seletividade alimentar costuma ter aversão sensorial a certos sabores, texturas ou cores, chegando a desenvolver fobia de determinados alimentos. Consequentemente, alimenta-se com uma dieta restrita, afetando principalmente a ingestão de micronutrientes, como vitaminas e minerais.

     

    Causas

    Cientistas apontam que há componentes biológicos e psicológicos na etiologia da seletividade alimentar. Alguns estudos levantam que as pessoas acometidas podem ter um paladar muito aguçado, o que provoca a rejeição a sabores mais fortes.

     

    Outros estudos mostram que a rejeição a determinados alimentos se dá muito mais por outras vias sensoriais e não pelo gosto, por exemplo, não gostar do cheiro ou da aparência de um alimento.

     

    Em relação ao aspecto psicológico, alguns indivíduos podem associar emoções negativas a determinados alimentos, por exemplo, um mal-estar físico causado pela comida, como engasgos ou problemas gastrointestinais.

     

    As causas da seletividade alimentar, no entanto, são complexas e podem estar relacionadas a questões familiares e contextos sociais.

     

    Prevenção

    A amamentação é um facilitador para a aceitação de novos alimentos na infância e evitar a seletividade alimentar, pois as variações na dieta da mãe se refletem nas características sensoriais do leite materno. Assim, quanto mais variada a dieta da lactante, mais variado tende a ser o paladar do filho.

     

    Por outro lado, é recomendado que não se atrase a introdução gradual de alimentos sólidos na dieta do bebê. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), esse processo deve ter início aos sete meses. Nesse período, é ainda mais importante alternar as formas de preparo e textura dos alimentos oferecidos.

     

    A maneira de oferecer alimentos também deve ser variada, como alternar entre dar comida na boca ou deixar comer sozinho, assim como oferecer os alimentos em diferentes locais da casa e deixar a criança explorá-los por conta própria.

     

    Pais ou outros responsáveis devem prezar pelo ambiente onde a criança se alimenta. Se é agradável e novos alimentos são oferecidos sem coação, o pequeno fica muito mais disposto a desenvolver preferência por eles.

     

    Psicoterapia

    Existem alguns sinais que indicam a necessidade da terapia alimentar para tratar o TARE. Alguns deles são quando a criança tem menos de 20 alimentos no seu repertório alimentar, tem baixo peso e exclui um grupo alimentar inteiro, como, por exemplo, todos os vegetais ou carnes.

     

    Também é preciso ficar atento ao atraso do pequeno na evolução da consistência do alimento (só come liquidificado ou amassado) ou quando apresenta padrão mastigatório limitado.

     

    Crianças com aversão ou recusa aos alimentos, comportamento alterado no momento da refeição, refeições prolongadas e falta de autonomia na hora de comer também indicam seletividade alimentar.

     

    Outros sinais importantes que envolvem fatores comportamentais e ambientais incluem alimento que não pode tocar um no outro e criança com alteração de comportamento se o alimento não é oferecido como esperado.

     

    Investigação

    A investigação da seletividade alimentar é extremamente criteriosa e transdisciplinar, envolvendo nutricionista, terapeuta ocupacional, médico, psicólogo, fonoaudiólogo, entre outros. Quanto mais cedo a família buscar ajuda, mais cedo ocorrerá a reversão do quadro de recusa alimentar.

     

    A terapia alimentar usa comida como principal ferramenta no combate à seletividade alimentar. Trata-se de uma abordagem baseada na confiança e no relacionamento com as crianças. Visa ressignificar a alimentação e aproximar a garotada dos alimentos.

     

    Engloba técnicas que geram habilidades com o alimento, oferecem estímulos sensoriais que trazem conforto para a criança ter interesse pela comida, aceitar novos alimentos e comer com prazer.

     

    Ferramenta

    Um importante recurso que pode ser utilizado na terapia alimentar é o ‘Papo alimentar: 100 cards para conversar sobre a alimentação’, de autoria da psicóloga Lívia Rodrigues e publicado pela editora RIC Jogos.

     

    Direcionada às faixas etárias a partir dos quatro anos de idade, a ferramenta possibilita ao terapeuta e às crianças que conversem sobre alimentação de forma lúdica. E, assim, acessem as limitações e crenças dos pacientes sobre o processo, de modo que as intervenções possam ter mais eficácia e, consequentemente, o tratamento seja mais efetivo.