Qual a relação entre terapias contextuais e mindfulness?

Importantes na psicoterapia moderna, as terapias contextuais, ou terceira onda das terapias cognitivo-comportamentais, vêm expandindo o foco de apenas reduzir sintomas, buscando desenvolver habilidades que colaborem na melhora da qualidade de vida das pessoas.
Destacando-se no cenário da psicologia a partir dos anos 1990, as terapias contextuais vêm demonstrando eficácia na prevenção e no tratamento dos mais diferentes transtornos mentais e englobam diversas técnicas de intervenção.
Uma das técnicas comumente usadas pelas terapias contextuais chama-se mindfulness ou atenção plena. Em outras palavras, é a prática de estar presente no aqui e agora de maneira consciente. É focar o olhar para a situação e como ela se desenrola, seja como algo que traz relaxamento e felicidade, seja para tolerar o desconforto do momento.
ACT
Entre as terapias contextuais mais representativas, está a terapia de aceitação e compromisso (ACT, pronunciada como uma palavra única, do inglês acceptance and commitment therapy), que tem mindfulness e aceitação como base.
Criada pelo psicólogo norte-americano Steven Hayes com a intenção de integrar as terapias cognitiva e comportamental, visa estimular o paciente a aceitar situações e experiências negativas.
Entendendo que, ao identificar as experiências indesejadas, o indivíduo adquire a capacidade de afastá-las, a ACT costuma ser adotada no tratamento de depressão e transtornos de ansiedade.
Leva esse nome por causa de suas propostas centrais: aceitação da realidade e das reações emocionais e comportamentais, escolha de uma direção de acordo com os valores do indivíduo e comprometimento com a mudança desejada.
Nesse contexto, mindfulness contribui para o paciente aceitar os sentimentos e as sensações do momento sejam quais forem.
Técnica milenar
A origem da técnica de atenção plena remonta a uma tradição budista que começou 500 anos antes do nascimento de Cristo. Mas foi o médico norte-americano Jon Kabat-Zinn que passou a estudá-la e utilizá-la como um método terapêutico a partir do final da década de 1970.
Como já foi comprovado por estudos científicos, mindfulness tem relação próxima com a capacidade de concentração. Seus exercícios treinam a consciência para, quando a pessoa está desatenta, perceber e conseguir redirecionar a atenção.
A frequência do treino desenvolve a neuroplasticidade – adaptação do cérebro – e faz com que voltar ao foco se torne uma habilidade. E isso é o mais importante, porque as distrações sempre vão depender de várias circunstâncias, algumas delas externas.
Ferramenta
A ferramenta ‘Para viver o presente: 100 cards para meditar e refletir com a prática de atenção plena/mindfulness’, publicada pela editora RIC Jogos, auxilia nesse processo.
De autoria dos psicólogos Laura Pordany do Valle e Ramiro Figueiredo Catelan e do psiquiatra Vitor Rocco Torrez, oferece diversas formas para o indivíduo se reconectar consigo e voltar a viver o momento presente, reduzindo seu estresse, aliviando seu sofrimento e aumentando sua qualidade de vida.
Direcionados às faixas etárias a partir dos 16 anos de idade, os cards podem ser utilizados nos contextos clínico e familiar.