Qual a relação entre TDAH e procrastinação?
Embora a procrastinação não seja um comportamento exclusivo de quem tem transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), o problema atinge esse público com maior intensidade.
Procrastinar não é sinônimo de adiar algo esporadicamente. Trata-se do atraso frequente e intencional do início ou da conclusão de uma tarefa a ponto de a pessoa sentir desconforto, levando a formas disfuncionais de ser e à qualidade de vida prejudicada.
Entre as consequências emocionais e no cotidiano dos procrastinadores, estão ansiedade, arrependimento, perda nos prazos de projetos, repetição de disciplinas escolares, pagamento de contas com multas e várias outras com menor ou maior intensidade.
Meio de vida
Alguns indivíduos, especialmente quem tem TDAH, adotam a procrastinação como um meio de vida, adiando tarefas em casa, no trabalho, no meio acadêmico e também nos relacionamentos.
Pessoas com esse distúrbio são especialistas em evitar tarefas enquanto se distraem com todo tipo de atividade dispersiva, como usar as mídias sociais, comer, beber, cuidar das plantas ou apenas divagar em suas ideias.
Planejar, organizar, priorizar, motivar e tomar decisões podem fazer com que fiquem sobrecarregadas e desligadas. Ao mesmo tempo, a procrastinação pode levá-las a sentirem mal-estar físico e mental.
A procrastinação também agrava as emoções negativas, que são quase uma constante para quem tem TDAH. Pais, professores, colegas e amigos estão sempre observando suas atitudes com um olhar crítico e opiniões depreciativas.
Autorregulação
Por mais que pareça consequência de má gestão do tempo, preguiça, estresse ou desorganização, a procrastinação ocorre por uma fragilidade na autorregulação das emoções, do humor e dos pensamentos, um problema comum no transtorno de déficit de atenção/hiperatividade.
A autorregulação, seja emocional, seja cognitiva, seja do tempo, representa um desafio diário para indivíduos com TDAH. Para eles, o espaço que fica entre a tarefa e o prazo para concluí-la pode ser especialmente mais amplo e difícil.
Dessa forma, técnicas cognitivo-comportamentais podem ajudar na aquisição de hábitos que auxiliam no gerenciamento do tempo e no combate à procrastinação.
Uma delas é começar o trabalho e dar um passo de cada vez, dividindo grandes tarefas em pedaços, pois as etapas menores não são tão intimidadoras. A partir daí, o ritmo deve ser mantido, assim como o foco nas próximas etapas.
Caso não conseguir sozinho, o indivíduo tem a opção de buscar ajuda com profissionais de saúde habilitados a orientarem tratamentos e técnicas de suporte para vencer a procrastinação e outras dificuldades.
Cards
E quando o assunto é o gerenciamento dos pensamentos e a regulação das emoções, um importante recurso que pode ser utilizado no contexto familiar ou clínico são os cards ‘Antiprocrastinação’, material de autoria do psicólogo Fernando Elias José e publicado pela editora RICard’s.
Composta por 100 cartões de orientação e enfrentamento, a ferramenta tem como objetivo auxiliar na identificação e no combate da procrastinação e, por consequência, no aumento de qualidade de vida das pessoas que têm o transtorno.
Para aperfeiçoar o processo psicoterapêutico e as relações interpessoais, pode ser utilizada de diferentes maneiras.