Os transtornos da personalidade são padrões persistentes e generalizados no modo de pensar, perceber, reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo à pessoa e/ou prejudicam sua capacidade funcional.

O indivíduo com um transtorno da personalidade não tem uma imagem clara ou estável de si mesmo, ou seja, a maneira como se vê muda dependendo da situação e das pessoas com quem está. Por exemplo, ele pode alternar entre se achar mau ou bom ou pode ser inconsistente quanto aos seus valores e objetivos.

A pessoa com transtorno da personalidade tem dificuldade de formar relacionamentos íntimos e estáveis. Ela pode ser insensível aos outros, emocionalmente distante ou não ter empatia.

Causas e prevalência
Os transtornos da personalidade resultam da interação dos genes com o ambiente. Em outras palavras, algumas pessoas nascem com uma tendência genética que pode ser inibida ou ampliada por fatores ambientais.

Aproximadamente 10% da população é afetada pelos transtornos da personalidade. Em geral, eles acometem igualmente homens e mulheres e aparecem durante o final da adolescência ou no início da idade adulta, mas podem surgir na infância.

Para a maioria dos indivíduos, esses distúrbios causam problemas moderados e amenizam com o passar do tempo. Contudo, alguns apresentam problemas sociais e psicológicos graves que persistem por toda a vida.

Tipos
Conforme o ‘Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5)’ da American Psychiatric Association (APA), existem dez tipos de transtornos da personalidade divididos em três grupos. Cada qual apresenta problemas característicos de autoimagem e maneiras de reagir aos outros e a eventos estressantes.

O grupo A é caracterizado por parecer estranho ou excêntrico. Inclui os transtornos da personalidade paranoide (desconfiança e suspeita), esquizoide (desinteresse em outras pessoas) e esquizotípico (ideias e comportamentos estranhos ou excêntricos).

Já o grupo B é caracterizado por parecer dramático, emocional ou errático. Engloba os transtornos da personalidade antissocial (irresponsabilidade social, desrespeito por outros, falsidade e manipulação dos outros para ganho pessoal), limítrofe/borderline (vazio interno, medo de abandono em relacionamentos, relacionamentos instáveis, dificuldade de controlar as emoções e comportamento impulsivo), histriônica (busca atenção e comportamento dramático) e narcisista (necessidade de ser admirado, falta de empatia e opinião exagerada sobre o próprio valor).

Por sua vez, o grupo C é caracterizado por parecer ansioso ou apreensivo. Reúne os transtornos da personalidade evitativa (evita contato interpessoal devido ao medo de rejeição), dependente (submissão e dependência) e obsessivo-compulsiva (perfeccionismo, rigidez e obstinação).

Diagnóstico e tratamento
O profissional da saúde considera fazer um diagnóstico quando a pessoa persistentemente vê a si mesma e aos outros de maneiras que não condizem com a realidade ou quando ela continua a agir de modos que frequentemente têm consequências negativas.

O tratamento dos transtornos da personalidade consiste em psicoterapia individual e/ou psicoterapia em grupo. A terapia tem mais probabilidade de ser eficaz quando a pessoa procura tratamento e é incentivada a mudar.

Ainda que varie de acordo com o tipo de transtorno da personalidade, a psicoterapia geralmente busca reduzir a angústia, ajudar o paciente a entender que os seus problemas são internos (e não causados por outras pessoas ou situações), diminuir o comportamento mal-adaptativo e socialmente indesejável e modificar os traços de personalidade que estão causando dificuldades.

Medicamentos podem ajudar a aliviar sintomas, como depressão e ansiedade, e a controlar determinados traços da personalidade, como a agressão. No entanto, não conseguem curar os transtornos da personalidade.

Ferramenta
‘Anticrises psicológicas – 100 cards’, de autoria do psicólogo Ramiro Figueiredo Catelan, é uma ferramenta que pode ser utilizada para a prevenção e o combate às crises psicológicas de pessoas com transtornos da personalidade.

Publicada pela editora RIC Jogos, a caixinha é dividida em dez conjuntos de cartas que compilam uma série de técnicas e estratégias práticas para ajudar os pacientes a lidarem com situações difíceis e estressantes sem piorar o momento e tornando-o mais breve e suportável.

As informações contidas no material derivam de anos de pesquisa científica da terapia comportamental dialética (DBT), incluindo um módulo inteiro voltado para o treinamento de habilidades de tolerância ao mal-estar.

Os cards trazem, ainda, contribuições inspiradas na terapia de aceitação e compromisso (ACT), bem como outros modelos de tratamento psicológico eficazes para trabalhar de forma mais efetiva com situações que provocam estresse, mal-estar e aflição.