O que são distorções cognitivas e como afetam as pessoas?
As distorções cognitivas são padrões de pensamento disfuncionais que interferem no processamento cognitivo das pessoas, comprometendo a interpretação das situações cotidianas e influenciando seu modo de pensar, sentir e agir. Em outras palavras, o indivíduo pensa sobre a realidade de maneira equivocada e/ou tendenciosa, o que pode resultar em sofrimento.
Tudo o que se faz é processado pelo cérebro, ou seja, os seres humanos geram pensamentos sobre todas as coisas que vivenciam. Além disso, têm a capacidade não só de pensar sobre sua realidade atual, mas de reviverem na mente os acontecimentos do passado e refletir sobre o futuro.
Ainda que essas sejam capacidades incríveis, elas têm potencial de trazer dor, pois nem tudo o que se pensa é positivo e motivador. Muitas pessoas têm uma visão negativa de si mesmas e de seus contextos de vivência por meio das distorções cognitivas.
Talvez não fosse tão difícil de enfrentar as distorções se elas afetassem apenas os pensamentos. A questão é que tudo o que o indivíduo pensa está ligado às suas emoções e aos seus comportamentos. Ou seja, alguém que tem a distorção cognitiva de se ver de modo negativo, por exemplo, pode apresentar sentimentos como ansiedade, tristeza e frustração com mais frequência.
Além do mais, pode passar a se comportar de maneira disfuncional, seja se afastando dos amigos, por considerar que eles não têm apreço por ele, seja desenvolvendo problemas mais sérios, como depressão e transtornos alimentares, por exemplo.
Tipos
Entre as principais distorções cognitivas conhecidas, está a personalização. Nesse caso, o sujeito tende a atribuir culpa a si mesmo nas mais diversas situações. É comum que peça desculpas constantemente mesmo que não tenha toda a responsabilidade ou que o fato não seja diretamente com ele.
Outro tipo é o filtro mental, ou seja, existe uma visão predominantemente negativa sobre a vida. O indivíduo foca nos acontecimentos ruins e ignora o que existe de positivo.
Por sua vez, a generalização é um estereótipo de pensamento que transforma um caso específico em uma regra para a vida. Diante de um acontecimento difícil, a pessoa generaliza a realidade e passa a acreditar que é uma verdade absoluta.
Na maximização e minimização, o sujeito minimiza suas conquistas ou os aspectos positivos e maximiza os erros e as coisas negativas que acontecem. Falhas, portanto, recebem grande importância e são consideradas de sua total responsabilidade, enquanto as conquistas são desconsideradas e tratadas como fruto da sorte ou ajuda alheia.
Polarização
Pensamento dicotômico ou polarizado é mais um tipo de distorção cognitiva. Quem o tem enxerga a vida somente a partir de duas ideias: tudo ou nada, oito ou oitenta. Trata-se de um padrão de pensamento inflexível.
Já no raciocínio emocional, a pessoa transforma suas emoções em fatos sobre a vida. Por exemplo, quem tem baixa autoestima pode considerar, apenas porque se sente assim, que ninguém gosta dela e que é péssima em tudo o que faz.
Na leitura da mente, a distorção cognitiva reside no fato de o indivíduo acreditar que sabe o que os outros estão pensando. Dessa forma, sem evidência alguma, conclui o que alguém pensa ou sente a respeito dele. Esse pensamento disfuncional está ligado à crença central da necessidade de aprovação.
A catastrofização é um dos tipos de distorções cognitivas que mais causam sofrimento emocional, porque quem a tem está frequentemente esperando o pior de cada situação. Consequentemente, seu nível de ansiedade é muito alto, a ponto de deixar de fazer várias coisas, como voar de avião, por acreditar que ele vai cair, ou não dar uma opinião, por pensar que passará por humilhação.
Por sua vez, as conclusões precipitadas, também denominadas premonição, adivinhação ou predição de futuro, causam ideias infundadas sobre os acontecimentos que estão por vir. Fazem-se presentes quando as pessoas chegam a determinadas conclusões irracionais sobre elas mesmas ou em relação a como os demais vão agir.
Imperativos
No caso dos imperativos (afirmações do tipo “deveria” e “tenho que”), o indivíduo tem uma forte autocobrança e não consegue aceitar as coisas simplesmente como são. Assim, permanece o pensamento inflexível de como deveria ser o seu próprio comportamento e o dos outros. Esse padrão mental está relacionado a questões como baixa autoestima, expectativas irreais e intolerância à frustração.
Com o pensamento da rotulação, o foco não está na atitude isolada, mas, sim, no papel assumido. Dessa forma, em vez de o sujeito avaliar um erro próprio ou dos outros como algo eventual e aceitável, parte para a definição de rótulos pejorativos.
Enquanto, na personalização, o indivíduo tende a se culpar por tudo o que acontece ao seu redor, na atribuição de culpa, ocorre o contrário. Nesse tipo de distorção cognitiva, a tendência é procurar culpados externos e considerar as próprias falhas como responsabilidade dos outros. Quem sustenta esse tipo de pensamento se sente vítima das circunstâncias e, portanto, não se orienta para mudança.