O que é psicoterapia analítica funcional e qual seu objetivo?
A psicoterapia analítica funcional (FAP, do inglês functional analytic psychotherapy) trata da criação de relações em que o profissional de saúde mental se conecta hábil e estrategicamente com os pacientes para criar um contexto de mudança terapêutica.
A FAP é fundamentada em uma visão de psicologia e influência social que integra a ciência comportamental contextual (CBS, do inglês contextual behavioral science) com a crescente ciência da conexão social, incluindo como as conexões sociais afetam o funcionamento psicológico.
Sendo assim, a abordagem direciona o foco de trabalho sobre a relação terapêutica como meio de proporcionar mudança nas queixas trazidas ao consultório. Entende-se que o modo como o cliente age, fala e se coloca na sessão pode ser semelhante ao modo como ele o faz na sua vida cotidiana.
Comportamentos relevantes
Os comportamentos que ocorrem ao vivo e a cores com o terapeuta e que têm relação com o motivo que levou a pessoa a buscar terapia são chamados de comportamentos clinicamente relevantes (CCRs).
Tais comportamentos são o foco principal da psicoterapia analítica funcional, e o processo de mudança é essencialmente influenciar os CCRs à medida que ocorrem no processo terapêutico.
Os objetivos da FAP são diminuir a frequência de CCR1 – comportamento-problema – e aumentar a frequência de CCR2 – melhora em relação a esse comportamento.
Momento a momento, o processo da psicoterapia analítica funcional é guiado pelo pensamento funcional e ocorre por meio de suas cinco regras básicas: observar o CCR, evocar o CCR, reforçar o CCR2, observar seu efeito e prover estratégias de generalização.
Terapeuta
Os comportamentos do terapeuta são parte igualmente importante do processo terapêutico na psicoterapia analítica funcional. Tudo o que ele faz na terapia tem uma função para si e terá uma função para seu paciente.
Paralelamente à terminologia para os comportamentos do cliente, os comportamentos do terapeuta que interferem no processo terapêutico são conhecidos como T1, ao passo que aqueles que apoiam o processo terapêutico são conhecidos como T2.
Assim como os CCRs, os comportamentos T1 e T2 são definidos com base em como eles funcionam para o terapeuta e seu paciente na terapia. É possível, portanto, ter diferentes T1 e T2 com pacientes distintos.
Processo participativo
A análise funcional, método central de avaliação da FAP, pode assumir uma variedade de formas. Ela pode ocorrer em uma avaliação mais estruturada ou mais casualmente, espalhando-se por muitas sessões. Pode ser incrivelmente técnica e detalhada ou pode ser bastante solta e aparentemente conversacional.
Na psicoterapia analítica funcional, os terapeutas discutem as suas análises funcionais e formulação de casos com os clientes e os incluem no desenvolvimento da formulação de tanto quanto possível. Isso os ajuda a começarem a perceber como várias funções aparecem na vida fora da sessão.
Quando os pacientes estão cientes do paralelo entre seus comportamentos dentro e fora da sessão e conseguem observar seus CCRs no momento, eles podem perceber o progresso que estão tendo na terapia e como isso pode ser significativo e útil em outros contextos.
Revolução
Ao ser proposta pelos psicólogos norte-americanos Mavis Tsai e Robert Kohlenberg na década de 1980, a psicoterapia analítica funcional provocou certa revolução na análise comportamental da relação terapêutica.
A explicitação dos processos presentes na interação terapeuta-cliente, bem como suas decorrências, ofereceu aos profissionais melhor compreensão do processo e os ajudou a construírem instrumentos para atuar nesse campo de forma mais segura e eficiente.
Além disso, inúmeras pesquisas sobre aspectos específicos da relação terapêutica foram desenvolvidas desde então cujos resultados, por sua vez, impulsionaram a busca de conhecimento científico sobre outros processos e propostas terapêuticas.
Ferramenta
Publicado pela editora RIC Jogos, o RICard’s ‘Psicoterapia analítica funcional’ aborda, de maneira envolvente, o amor, a consciência, a coragem, a diversidade e as relações interpessoais.
Organizada pelos psicólogos Priscila Rolim de Moura e Artur Vandré Pitanga e direcionada às faixas etárias a partir de 14 anos, a ferramenta toca em questões significativas da existência humana: emoções, a história de cada um, o momento presente e a esperança de uma vida que vale a pena ser vivida.