O Novembro Azul e a saúde física e mental dos homens
O preconceito e a falta de cuidados com a saúde física e mental estão entre as principais barreiras para que os homens procurem atendimento especializado regularmente. Nesse contexto, o Novembro Azul é o movimento global dedicado à conscientização para prevenção, diagnóstico e tratamento precoces de doenças que atingem esse público, especialmente o câncer de próstata.
O câncer de próstata, o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens no Brasil, atrás do câncer de pele não melanoma, é uma das doenças que mais demandam atenção preventiva.
No entanto, dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) apontam que 46% dos brasileiros só buscam atendimento quando apresentam sintomas avançados, o que dificulta a cura.
A falta de uma rotina de cuidados preventivos, frequentemente influenciada por barreiras culturais e estigmas ligados à masculinidade, é um dos principais fatores por trás dessa resistência que precisam ser combatidos.
Embora a maioria dos casos do câncer de próstata seja registrada acima dos 65 anos, homens com 45 anos, com fatores de risco, e com 50 anos, sem fatores de risco, já podem dar início a consultas anuais para prevenção.
Como surgiu
O Novembro Azul é mais recente que outros movimentos mundiais de conscientização e de saúde como o Outubro Rosa e o Setembro Amarelo. Surgiu em 2003, quando dois amigos australianos decidiram deixar o bigode crescer para fazer alusão à saúde masculina.
Já que 17 de novembro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, eles escolheram o mês para iniciar o projeto. Não demorou a criaram a Fundação Movember – junção das palavras moustache (bigode) e november –, dedicada às questões de saúde do homem, sobretudo a saúde mental, a prevenção ao suicídio, o câncer de próstata e o câncer testicular.
O Brasil embarcou nessa jornada em 2008. Desde então, durante todo o mês de novembro, acontecem atividades de conscientização e a iluminação de monumentos na cor azul no país.
No período, discussões sobre a saúde masculina são ampliadas, procurando atingir o maior número possível de homens e elevar o índice de diagnósticos precoces de câncer de próstata, o que amplia a probabilidade de cura para 90%.
Psicoterapia
Em caso de resultado positivo para o câncer de próstata, a psicoterapia tem se mostrado essencial para esses pacientes, seja logo após o diagnóstico ou durante o tratamento da doença.
Isso porque a autoestima e o humor do indivíduo podem ser afetados a qualquer momento. Portanto, o acompanhamento psicológico se faz necessário para evitar depressão, ansiedade, raiva, pânico e até deturpações na ideia de masculinidade no caso de a função sexual ser afetada.
Entre os benefícios da psicoterapia, estão o trabalho de crenças negativas geradoras de sofrimento, a prevenção do surgimento da depressão e de outras condições que causam o descaso com a saúde, assim como o incentivo à vivência diária regular durante o tratamento oncológico, como encontro com amigos, envolvimento em atividades e engajamento com hobbies.
Ferramenta
A ferramenta ‘Cuidando do paciente oncológico’ traz 80 cards para lidar com as emoções diante do diagnóstico. De autoria das psicólogas Daniela Ferreira e Ingrid Bertollini Lamy, a publicação da editora RIC Jogos permite ao terapeuta o aprofundamento da sua avaliação e ensina algumas técnicas que podem ser utilizadas dentro e fora do consultório.
Receber o diagnóstico de câncer nunca é fácil e muitos sentimentos podem emergir, como medo, ansiedade e insegurança. Ainda hoje a palavra câncer é muito associada à morte, o que faz com que esses sentimentos sejam potencializados.
Nesses casos, o tratamento é intenso e duradouro. Portanto, saber fazer uma boa avaliação psicológica é essencial para os profissionais que trabalham com esse público, uma vez que a expressão das emoções e o fortalecimento dos recursos de enfrentamento são fundamentais para uma boa elaboração e trabalho terapêutico.