04/06/2024

Mês dos Namorados: o que é a química esquemática?

No Mês dos Namorados, vale uma reflexão sobre a química esquemática. Trata-se de uma tendência do indivíduo de se apaixonar ou se sentir atraído por pessoas que se conectam com seus esquemas desadaptativos e que alimentam suas feridas internas, o chamado “dedo podre” para relacionamentos.

 

A terapia do esquema (TE), desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Jeffrey Young, tem como uma das bases a teoria do apego ou da vinculação, do psicanalista britânico John Bowlby.

 

Segundo Bowlby, um desenvolvimento social e emocional saudável está vinculado ao estabelecimento de um relacionamento entre a criança e um adulto cuidador. No entanto, sem o atendimento das necessidades emocionais na infância, o sujeito pode experienciar rejeição, ter sua autonomia prejudicada, entre outros fatores, desenvolvendo transtornos mentais.

 

Atração e ilusão

No caso da química esquemática, duas questões precisam ser consideradas: atração e ilusão.

 

Se alguém, por exemplo, hoje possui um esquema de abandono por ter sido solitário na infância, ele pode se sentir atraído por pessoas ausentes no relacionamento, emocionalmente distantes e inacessíveis, trazendo, assim, a sensação de rejeição para reforçar o que já conhece sobre o abandono.

 

Por outro lado, em vez do padrão de falta, pode ser acionado o padrão oposto do esquema, ou seja, o indivíduo pode sentir atração por padrões de relacionamentos estáveis, parceiros disponíveis e com comportamentos previsíveis, evitando conflitos dolorosos e a sensação de ausência do outro.

 

Já a ilusão consiste em idealizar os relacionamentos. O sujeito pode ver o ser amado como um príncipe ou uma princesa, com ideias de que o “amor vence tudo” ou “o amor é suficiente”. Dessa forma, acaba não enxergando que o(a) parceiro(a) não é encantado(a) e que, na verdade, o relacionamento pode ser destrutivo.

 

Como reconhecer?

Para reconhecer a química esquemática, é preciso prestar atenção ao nível da atração pelo outro. Se for muito alta, pode ser um sinal. Isso não quer dizer que é preciso se relacionar e construir vínculos com alguém por quem não se tenha atração, mas, sim, que haja moderação.

 

Adquirir mais consciência dos padrões de comportamento e autoconhecimento é outra forma de lidar com a química esquemática, de prestar atenção nas pessoas que estão disponíveis e se permitir estar mais acessível a relacionamentos saudáveis.

 

Quanto menos consciência, autoconhecimento e autorresponsabilidade a pessoa tiver, mais tenderá a repetir padrões que podem levá-la a perpetuar seus sofrimentos, invalidando suas necessidades e seu adulto saudável.

 

Técnicas e estratégias

Existem inúmeras técnicas e estratégias de intervenção disponíveis na terapia do esquema para trabalhar a química esquemática e outros padrões desadaptativos, mas, para aplicá-las de forma coerente e efetiva, é necessário um raciocínio clínico adequado.

 

Assim, com o objetivo de guiar o terapeuta para o desenvolvimento dos aspectos centrais necessários no raciocínio clínico e considerando necessidades e repertórios específicos de cada paciente, as psicólogas Natanna Taynara Schütz e Rafaela Petroli Frizzo criaram o jogo ‘Raciocínio clínico em terapia do esquema: desenvolvendo na prática a relação terapêutica’.

 

Publicada pela editora RIC Jogos, a ferramenta dispõe de cartões que orientam o terapeuta acerca da avaliação e intervenção considerando o domínio de necessidades emocionais, esquemas iniciais desadaptativos, esquemas iniciais adaptativos e modos de funcionamento, bem como a forma com que são despertados na relação terapêutica e as posturas assertivas que devem ser adotadas pelo profissional.

 

O jogo também tem cartas que alertam sobre erros comuns e cuidados importantes para evitá-los. Além disso, conta com uma parte voltada para autoterapia dos clínicos. Por fim, testa os conhecimentos adquiridos ao longo de seu uso.

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