Hipnoterapia: definição, mitos e fatos
A hipnoterapia, também chamada de hipnose clínica, consiste na aplicação de técnicas hipnóticas como ferramentas terapêuticas. É utilizada como auxílio para o tratamento de transtornos mentais e físicos, assim como para combater hábitos e sentimentos indesejáveis.
Vários desses problemas são causados por eventos do passado dos quais as pessoas, muitas vezes, nem lembram. O papel do hipnoterapeuta, portanto, é identificá-los e ajudar o paciente a confrontá-los, para que o transtorno possa ser tratado com eficácia e o indivíduo possa ter qualidade de vida.
A hipnoterapia é baseada em um conjunto de técnicas conduzidas pelo profissional de saúde especializado que visam ampliar a consciência do paciente por meio de concentração focada e relaxamento.
Os resultados obtidos, geralmente, são mais efetivos e rápidos que outros métodos convencionais. Isso porque a hipnose clínica alcança a mente subconsciente e trata o transtorno direto em sua origem.
O estado hipnótico ao qual chega o indivíduo durante as sessões faz com que ele consiga quebrar padrões limitadores, mudar crenças e, consequentemente, modificar seu comportamento.
Mal-entendido
Os retratos da hipnose nas indústrias de entretenimento e mídia contribuíram para um amplo mal-entendido sobre a verdadeira natureza da hipnoterapia. Tais questionamentos estão ligados ao desconhecimento e à desinformação, que já começam a ser disseminados na formação dos profissionais da área de saúde mental.
Todos os questionamentos levantados sobre a hipnoterapia estão relacionados a uma mínima possibilidade de perda de controle, o que gera medo, hipervigilância, desconfiança e desconcentração, tudo o que não se quer no setting psicoterapêutico.
Sendo assim, é fundamental que o profissional que atua nesse campo saiba psicoeducar seus pacientes sobre o que é hipnoterapia, possíveis reações fisiológicas e sobre como modular o foco de ameaça e medo desproporcional de algo que não oferece um perigo real.
Também se faz necessário apontar a relevância da hipnose como ferramenta potencializadora de intervenções, quais aspectos, ganhos etc. Isso faz parte do processo de rapport na estrutura do trabalho.
Esclarecimentos
Um dos principais mitos sobre a hipnoterapia é o de que uma pessoa hipnotizada está dormindo ou inconsciente. Na verdade, não se trata de sono nem inconsciência.
A experiência de um estado hipnótico formalmente induzido pode se assemelhar ao sono do ponto de vista físico: respiração lenta, olhos fechados, músculos relaxados e atividade diminuída.
Do ponto de vista mental, o cliente geralmente está relaxado e pode estar profundamente alerta, em um estado confortável no qual pode pensar, conversar e até se movimentar se necessário.
Outro mito é o de que uma pessoa pode ficar presa em transe para sempre. Até hoje, não há relatos de que alguém ficou preso em um transe hipnótico.
A hipnose é um estado natural no qual as pessoas entram e saem durante o curso normal de um dia. Se o hipnotizador deixar de emergir alguém da hipnose, o indivíduo retornará a um estado totalmente alerta por conta própria.
Vontade
Mais um mito sobre a hipnoterapia é o de que a pessoa hipnotizada pode fazer coisas contra sua vontade. Na realidade, o hipnotizador é apenas um guia ou facilitador. Ele não tem como induzir o paciente a fazer qualquer coisa contra sua vontade.
Durante uma sessão hipnótica, o hipnotizado está completamente ciente de tudo o que está acontecendo. Em outras palavras, tem o poder de rejeitar as sugestões do hipnotizador.
Também não é verdadeira a afirmação de que, sob hipnose, a pessoa sempre diz a verdade e pode até revelar segredos pessoais.
O fato é que o hipnotizado pode mentir tão facilmente quanto no estado de vigília e, embora a hipnose ofereça maior acesso a recursos inconscientes, o paciente está no controle total do que escolhe revelar ou ocultar.
Ferramenta
A decisão de usar a hipnose em contextos clínicos aliada ao tratamento psicoterapêutico só pode ser tomada em consulta com um profissional de saúde mental qualificado e treinado no seu uso e nas suas limitações.
Os cards ‘Hipnose: do mito à terapêutica’, de autoria do psicólogo Ramiro Figueiredo Catelan e publicados pela editora RIC Jogos, busca desmistificar e informar sobre a hipnose e sua aplicabilidade terapêutica, propondo o exercício de entendimento simplificado da técnica e seus resultados para a vida.