Halloween: como trabalhar o medo nas crianças?
Halloween, ou Dia das Bruxas, pode ser uma boa oportunidade para ajudar a criança a enfrentar o medo, diferenciar a fantasia da vida real e aproveitar o momento de diversão com doces ou travessuras.
Sentir medo é algo natural, pois essa emoção ajuda a proteger as pessoas em situações de perigo real. Mas, muitas vezes, ele está ligado à imaginação. Por isso, os medos do escuro, de monstros e de pessoas fantasiadas estão entre os mais comuns na infância.
O medo na infância está ligado, principalmente, às fases de desenvolvimento. Porém, a forma como se sente e a intensidade dessa emoção são únicas para cada criança e podem variar de acordo com sua personalidade, seus pais ou outros responsáveis e suas relações interpessoais.
Causas
O medo na infância pode ter várias causas, como experiências desagradáveis que ficam registradas e são trazidas à tona cada vez que se tem um gatilho.
Ou, até mesmo, falas despretensiosas de adultos que, para tentar ensinar determinados comportamentos, acabam desenvolvendo ideias ou medos sobre aquilo, por exemplo: “o bicho vai te pegar”, “o homem do saco vai vir”, “ali tem o bicho-papão”.
Como as crianças fantasiam muito, há uma tendência a distorcerem essas falas fantasiosas e, desse modo, fazerem registros cognitivos que ficarão marcados e irão acompanhá-las por um longo tempo.
Papel dos cuidadores
Ainda que seja uma emoção natural e tenha função protetiva, o medo pode ser prejudicial ao desenvolvimento infantil quando persistente e excessivo.
Acompanhando as crianças de perto, pais ou outros responsáveis podem ajudá-las a lidarem com as situações amedrontadoras e até mesmo superá-las.
Para isso, os adultos precisam acolher, não julgar, nem ridicularizar e encontrar formas de validar essa emoção, estarem presentes e passar segurança para seus filhos.
Incentivar a criança a falar sobre o assunto é importante, pois a ideia de não falar para não estimular o medo é improcedente. É se expressando sobre a emoção que é possível entendê-la e lidar com ela.
Como nem sempre as crianças conseguem falar sobre o que sentem, a sugestão é brincar com elas e entrar em suas fantasias. Com experiências lúdicas, os adultos entendem melhor os anseios dos pequenos e estes aprendem a enfrentar várias situações em que o medo aparece.
Limites
Os cuidadores também não devem obrigar os filhos a enfrentarem as situações que lhes causam medo sem que eles estejam preparados para isso.
Por outro lado, superproteger a criança quando ela está assustada também não é o caminho adequado. O correto é ensinar os pequenos a entenderem e se defenderem do que os amedronta.
Como o medo serve para proteger a criança de situações realmente perigosas, é importante estabelecer limites e orientar os filhos sobre coisas que podem representar riscos à sua segurança, como escadas, janelas, tomadas, piscinas, trânsito e pessoas estranhas.
Jogo
O jogo ‘Caixa dos medos: estratégias de enfrentamento e reestruturação cognitiva’ foi criado para auxiliar as crianças a enfrentarem seus mais diversos medos, reais ou imaginários, utilizando-se de estratégias de solução ou possiblidades para lidar com eles, bem como estratégias de humor e diversão.
A ferramenta apresenta 36 cartas com frases de enfrentamento e reestruturação cognitiva para se trabalhar 12 tipos de medos diferentes, havendo, portanto, três cartas para cada medo.
De autoria da psicóloga Camilla Volpato Broering e publicada pela editora RIC Jogos, pode ser utilizada nos contextos familiar e/ou clínico com crianças acima dos 5 anos de idade.