Os sintomas da depressão infantil variam de acordo com o grau de desenvolvimento da criança e do amparo familiar, mas é preciso ficar atento a timidez excessiva, tristeza ou apatia, perda de interesse, angústia, alteração do sono e do apetite, constantes reclamações, irritabilidade, apego excessivo aos pais e medo de ir à escola.

 

Enquanto a perda de peso é um sinal de depressão comum em adultos, nos pequenos, é possível perceber que eles não estão ganhando peso de maneira apropriada ou podem estar ganhando peso em excesso.

 

Queixas somáticas

Embora algumas características se assemelhem em todas as idades, a depressão infantil pode ter algumas manifestações mais particulares, como as queixas somáticas, o que inclui dores de barriga ou de cabeça.

 

Da mesma forma, é necessário observar que os transtornos depressivos em crianças são associados a dificuldades de relacionamento, desempenho escolar comprometido e autoestima sempre baixa.

 

A comorbidade tende a ser a regra, porque a depressão pura é considerada rara na infância. O transtorno de ansiedade de separação, comum em filhos cujos pais se separam, e o transtorno de ansiedade generalizada são os mais frequentes quando a depressão aparece na garotada.

 

Origem

A origem da depressão infantil é multifatorial e varia de acordo com questões cognitivas, genéticas e ambientais. Uma série de situações pode desencadeá-la, como traumas, separação dos pais, ausência de afeto parental, atritos familiares, morte de uma pessoa querida, chegada de um novo irmão e rejeição por parte da família ou de amigos.

 

Também podem ser incluídos nessa lista necessidade de ser hospitalizado ou estar sempre sob cuidados médicos, bullying, cobrança exagerada em relação ao desempenho escolar, equiparação da felicidade ao dinheiro, exagerado culto da beleza e da fama, violência urbana, excesso de atividades na agenda diária, acúmulo de estresse e falta de espaço para lazer.

 

Diagnóstico

Diferentemente da tristeza, a depressão se apresenta com duração superior a duas semanas e causa prejuízos na vida da pessoa. Quando ocorre na infância, é importante que seja identificada e tratada adequadamente nos estágios iniciais para que os prejuízos sejam menores e não repercutam também na vida adulta.

 

As crianças com depressão são comumente levadas a diversos médicos antes de chegar à psicoterapia. Como os pais ou outros responsáveis não sabem ao certo a origem dos sintomas, acabam procurando apenas causas físicas e, somente em último caso, a psicoterapia.

 

Até mesmo um psicólogo pode levar um tempo para identificar a depressão infantil, pois há dezenas de distúrbios, como transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e transtornos de conduta, que apresentam sintomas semelhantes.

 

Tratamento

O tratamento da depressão infantil normalmente envolve sessões semanais de psicoterapia que visam minimizar angústias e potencializar virtudes. As atividades lúdicas são maneiras de perceber padrões de comportamento e inquietações nas crianças.

 

A presença dos cuidadores durante o tratamento da depressão na infância é essencial, pois sua conduta dentro do ambiente familiar é fator que afeta diretamente o emocional da garotada. Se for o caso, eles devem se comprometer a mudar comportamentos e introduzir hábitos mais saudáveis para o bem dos filhos.

 

Ferramentas

O jogo ‘Momentos terapêuticos: trabalhando transtornos na infância’ é uma ferramenta que pode ser utilizada no contexto clínico ou familiar com crianças acima de 5 anos de idade com depressão e/ou ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de oposição desafiante (TOD).

 

Criado pela psicóloga Juliana Vieira Almeida Silva e publicado pela editora RIC Jogos, é indicado para levantamento de comportamentos e pensamentos relacionados a tristeza, depressão, ansiedade, controle e desafio.

 

Também traz cartas relativas ao questionamento socrático ou questionamento de evidências (cartas possibilidades) e tem como opções cartas denominadas pense zen, cujo objetivo é auxiliar a garotada a ter o pensamento no aqui e agora (mindfulness).

 

Outra ferramenta da RIC Jogos que pode contribuir é ‘Vencendo a depressão: 100 cards para ajudar você a superar a depressão aumentando o seu ânimo’, de autoria dos psicólogos Laura Pordany do Valle e Ramiro Figueiredo Catelan e do psiquiatra Vítor Rocco Torrez.

 

Com conteúdo autoinstrutivo, oferece estratégias de manejo, frases de estímulo e técnicas para lidar melhor com os sintomas depressivos. Pode ser utilizado nos contextos familiar e clínico.