Busca por aprovação: quais as possíveis consequências?
De alguma forma, o ser humano cresce e se desenvolve desde a infância buscando aprovação dos demais. Por vezes, perde a individualidade, aquilo que é importante para si, para ceder ao que é importante para o outro, o que pode ser perigoso.
Compreende-se que as pessoas busquem pertencimento em grupos e em relacionamentos. O porém é justamente o que fazem nessa busca, ao que estão sujeitas e ao que se sujeitam para fazer parte.
Questões como insegurança, crenças de inadequação e necessidade de aprovações podem tornar vulnerável qualquer indivíduo diante de situações em que precise, de maneira assertiva, se posicionar, dizer um não, dar uma opinião, fazer uma crítica.
Para que isso seja revisto, é fundamental conhecer o padrão comportamental de funcionamento diante de situações em que seja necessário dizer não, discordar, criticar e assim por diante.
Gatilhos
A psicóloga norte-americana Harriet Braiker descreveu três principais gatilhos que levam um indivíduo a buscar constantemente a aprovação dos demais: pensamentos disfuncionais ou cognições, hábitos ou comportamentos compulsivos ou sentimentos/emoções.
Segundo ela, quando o possível gatilho está nos “pensamentos agradadores”, o principal objetivo está em agradar para se proteger de uma possível rejeição ou do tratamento rude/negativo de outros. Com regras exigentes, autocobrança exacerbada e, por vezes, expectativas perfeccionistas, busca a aceitação de todos.
Já na questão dos “hábitos agradadores”, o indivíduo busca frequentemente cuidar dos demais, das necessidades dos outros, colocando-os em primeiro lugar a todo instante e a si mesmo em segundo plano.
Dificuldades como dizer não, assumir várias tarefas sem conseguir delegar ou dividir mantêm seu comportamento ativo em diferentes contextos. Sobrecarregado e exausto, pelo excesso de tarefas e compromissos que assume, perde qualidade de vida e saúde.
E o terceiro gatilho relatado por Braiker são os sentimentos ou as emoções. Nesse caso, a maior preocupação da pessoa é evitar sentimentos desconfortáveis, considerados “negativos”, muito frequentes em situações de conflito as quais são evitadas justamente para não sentir o desconforto que pode advir delas.
Em consequência disso, se sente com frequência intimidada ou manipulada, sem conseguir defender seus direitos ou suas ideias pelo receio das confrontações.
Preço alto
Nessas três “causas”, a busca pela aprovação do outro cobra um preço alto de quem o faz. Medo de ser rejeitado, abandonado, de passar por conflitos, medo de receber críticas, associados a uma alta exigência pessoal, geram um desgaste constante ao indivíduo, pois não há como se relacionar sem que, em algum momento, a pessoa seja criticada, desagrade a alguém ou precise se posicionar para fazer valer direitos e opiniões.
E por mais que, atrás desses comportamentos, haja uma busca desenfreada do sujeito por não ficar sozinho, os relacionamentos podem ser fragilizados, pois não há genuinamente a liberdade que se precisa ter no relacionamento que permite divergir, discordar, se posicionar, negar pedidos e se priorizar.
Ferramenta
A ferramenta ‘Em busca de aprovação’, publicada pela editora RIC Jogos e de autoria das psicólogas Camilla Volpato Broering e Greici Maestri Bussoletto, traz 60 cards para lidar com a insegurança e as crenças de inadequação com base na terapia cognitivo-comportamental (TCC).
Direcionado ao público a partir dos 18 anos, o recurso tem como objetivo apoiar intervenções psicoterápicas de reestruturação cognitiva, fomentando a reflexão sobre os gatilhos que levam uma pessoa a querer aprovação.