29/10/2025

Autossabotagem: quais são os tipos de sabotadores que existem?

Em seu livro Inteligência positiva, o psicólogo Shirzad Chamine define sabotadores como “um conjunto de padrões mentais automáticos e habituais, cada um com sua própria voz, crença e suposições que trabalham contra o que é melhor para você”.

 

Doutor em neurociência, Chamine explica que os sabotadores estão relacionados às funções cerebrais voltadas para a sobrevivência, sendo desenvolvidos principalmente na infância e permanecendo de forma mais sutil em nossas mentes na idade adulta.

 

Por sua vez, o psiquiatra Aaron Beck, o pai da terapia cognitivo-comportamental (TCC), expôs que “a interpretação de uma situação geralmente expressada em pensamentos automáticos influencia a emoção subsequente, o comportamento e a resposta fisiológica”. Assim, entende-se que determinados pensamentos sabotadores podem ser perturbadores e costumeiramente interpretamos situações neutras ou até positivas de maneira negativa.

 

Para complementar, Beck percebeu que o processo de informações desadaptativas era relacionado ao estilo negativo de pensamento em três esferas: em relação a si mesmo, ao mundo e ao futuro. A isso, deu-se o nome de tríade cognitiva.

 

Funcionamento

Chamine descreve o funcionamento dos dez tipos de sabotadores mais comuns:

1. O crítico: é considerado o principal sabotador devido ao potencial destrutivo que carrega e por afetar todo mundo. Faz com que você encontre defeitos em si mesmo e nos outros, causando estresse, ansiedade, decepção, culpa e vergonha. A sua voz ganha força por ser confundida com a voz da razão. Ele se justifica com a mentira de ser necessário para evitar que sejamos preguiçosos e sem ambição.

 

2. O insistente: possui demasiadamente a necessidade de perfeição, organização e ordem. Gera ansiedade, frustração e deixa as pessoas nervosas. A mentira que ele prega é que o perfeccionismo é algo sempre bom e que você não paga um preço tão alto por ele.

 

3. O prestativo: obriga você a tentar conquistar a afeição e a aceitação ao constantemente ajudar, agradar e elogiar outras pessoas. Com isso, você acaba deixando suas próprias necessidades de lado, fazendo com que se ressinta dos outros, que acabam se tornando seus dependentes.

 

4. O hiper-realizador: para ter validação e respeito, você se torna dependente de desempenho e realizações constantes. Faz com que foque em obter sucesso exterior em vez do interior. Costuma levar ao vício em trabalho e à perda de contato com necessidades emocionais e de relacionamento mais profundas.

 

5. A vítima: faz você se sentir temperamental e emotivo a fim de chamar atenção e ganhar afeto. Pode resultar em uma tendência a se martirizar. Como consequência, você desperdiça sua energia emocional e mental e faz com que os outros se sintam impotentes, frustrados ou culpados por não conseguirem fazê-lo feliz por muito tempo. Para fugir desse sabotador, você precisa entender que a vitimização não é a melhor maneira de atrair cuidado e atenção para si mesmo.

 

6. O esquivo: concentra-se extremamente no que é prazeroso e positivo, evitando conflitos e tarefas difíceis e desagradáveis. Leva-nos a procrastinar e fugir de conflitos. Assim, resulta em explosões devido a conflitos sufocados que foram deixados de lado. A mentira dele é que você está sendo positivo, e não evitando seus problemas.

 

7. O controlador: funciona movido a uma necessidade de estar no comando e gera impaciência e ansiedade quando não é possível ter o controle sobre situações e dirigir as ações das pessoas de acordo com a vontade dele. A mentira que prega é que ele é necessário para extrair os melhores resultados das pessoas ao seu redor. Mas, na verdade, impede que os outros exercitem e desenvolvam sua capacidade plena.

 

8. O inquieto: busca constantemente emoções maiores ou se mantém sempre ocupado. Não permite que você se sinta em paz e tenha alegria com sua atividade atual. Pensando de maneira equivocada que, ao se manter ocupado, está vivendo intensamente, você acaba se sobrecarregando e perdendo o foco no que realmente importa. Outras pessoas têm dificuldade de acompanhar quem é guiado pelo inquieto e costumam se sentir distantes dele.

 

9. O hipervigilante: faz você sentir continuamente ansiedade intensa em relação a todos os perigos que o cercam e a tudo o que poderia dar errado. O contínuo estado de alerta que gera resulta em grande quantidade de estresse que leva você e os outros à exaustão.

 

10. O hiper-racional: coloca a racionalidade acima de tudo, inclusive nos relacionamentos. Deixa você impaciente com as emoções alheias. Você acaba sendo visto como frio, distante ou arrogante. Ele limita sua flexibilidade e sua profundidade em relacionamentos na vida pessoal e no trabalho.

 

Desmotivação e fracasso

Esses sabotadores são responsáveis pelas sensações de desmotivação e de fracasso experimentadas na vida pessoal e profissional. Por isso, é importante detectá-los na sua rotina e combatê-los. Para ser bem-sucedido, é importante alcançar sempre o equilíbrio, buscando nosso envolvimento mental para acolhimento emocional.

 

Conforme Beck, durante o processo psicoterápico, uma das metas é psicoeducar o paciente para que desenvolva a habilidade de identificar seus pensamentos e comportamentos. No momento em que o indivíduo toma consciência deles, a próxima meta é ressignificá-los, deixando-os mais adaptativos. Consequentemente, tem maior clareza dos fatos e pode reavaliar quais são leituras saudáveis e quais causam-lhe desconforto, aumentando a capacidade de dar respostas mais adaptativas, trazendo mais leveza e funcionalidade à sua dinâmica de vida.

 

Ferramenta

O jogo Autossabotagem: justificativas ou possibilidades, de autoria da psicóloga Danielle Almeida e publicado pela editora RIC Jogos, é recomendado para uso clínico com adolescentes, adultos e idosos nos momentos em que for importante conhecer, identificar e atuar em seus pensamentos e comportamentos.

 

Com este recurso, é possível fazer a psicoeducação sobre as principais formas de autossabotagem, auxiliando na identificação dos padrões adotados pelo paciente. Após essa etapa, o material ainda oferece cartas que favorecem a construção de estratégias para superar as dificuldades.

 

O material é composto por 83 cartas, divididas em 10 grupos que representam os tipos de sabotadores. Além disso, inclui cartas sinalizadoras e cartas de estratégias para potencializar o trabalho terapêutico.

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