A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem psicoterapêutica a qual considera que a forma como o ser humano interpreta os acontecimentos resulta em sintomas emocionais, fisiológicos e comportamentais, enfatizando seu papel na gênese e na manutenção dos transtornos mentais.

 

A TCC baseia-se, também, no preceito de que as cognições podem ser monitoradas e alteradas e que as mudanças comportamentais e o equilíbrio emocional desejados são obtidos a partir de alterações cognitivas subjacentes.

 

De acordo com a terapia cognitivo-comportamental, há três níveis básicos de processamento cognitivo: pensamentos automáticos, crenças intermediárias e crenças nucleares ou centrais.

 

Os pensamentos automáticos são privados, breves e fugazes. Podem ocorrer na forma verbal, de imagens, pequenos filmes ou flashes. Fazem parte de um padrão habitual de pensamentos, por isso, as pessoas têm dificuldade de percebê-los.

 

Já as crenças intermediárias refletem ideias ou uma percepção mais profunda do que os pensamentos automáticos. Ocorrem sob forma de suposições, regras ou pressupostos, atuando como suporte para as crenças nucleares.

 

Por sua vez, as crenças nucleares são o nível mais profundo da estrutura cognitiva e compostas de ideias inflexíveis, absolutistas, globais e generalizadas. Representam os mecanismos desenvolvidos pelos indivíduos para lidarem com as situações cotidianas, como percebem a si mesmos, os outros, o mundo e o futuro (tríade cognitiva).

 

Identificação

Formadas desde o nascimento e alimentadas com o passar dos anos, as crenças nucleares, como desamor, desvalor e desamparo, são influenciadas por fatores genéticos, temperamentais e ambientais. Nesse contexto, identificá-las é fundamental para trabalhá-las adequadamente na TCC.

 

Na crença central desamor, o indivíduo se sente inadequado, não confiando que possa ser amado. Outra característica marcante é a certeza absoluta (inconsciente e irracional) de que ocorrerá a rejeição amorosa. Logo, como mecanismo de defesa, há uma grande restrição de embarcar em um novo relacionamento.

 

Já na crença central desvalor, a pessoa tem certeza (inconsciente e irracional) da incompetência, da falta de capacidade, assim como total convicção de que seus esforços não serão suficientes para alcançar o êxito em alguma atividade. O fracasso é algo que não sai de sua cabeça.

Por sua vez, a fragilidade emocional é uma constante na vida de quem convive com o desamparo como crença central. O indivíduo tem a percepção de que está sozinho e vulnerável. Como resultado, há uma grande dificuldade de conviver em plena harmonia e felicidade. Sempre há a desconfiança e medo.

 

Ferramenta

O Jogo das Crenças, de autoria das psicólogas Camila Stor de Aguiar e Nathália Della Santa Melo Dantas, é uma ferramenta terapêutica que auxilia na identificação das crenças centrais desamor, desvalor e desamparo, frequentemente observadas na terapia cognitivo-comportamental.

 

Publicado pela editora RIC Jogos, o recurso lúdico é recomendado para uso clínico com adolescentes, adultos e idosos como recurso auxiliar para investigação cognitiva.