13/01/2025

Abuso: o que é e qual o papel da psicologia?

A palavra abuso vem do latim abusus, que indica um comportamento inadequado, excessivo, contrário aos costumes e à harmonia. É a ação e o efeito de abusar, o que significa fazer uso incorreto, excessivo, injusto, impróprio ou indevido de algo ou de alguém.

 

O abuso – uma forma de violência – não está categorizado no Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM), pois ele não é um transtorno mental, mas uma condição que as pessoas podem vivenciar em algum momento de suas vidas.

 

No entanto, estão descritos as condições e os tipos de abuso que acontecem e que podem interferir significativamente na vida das pessoas.

 

Desnível de poder

Abuso aplica-se a qualquer ação humana em que exista uma precondição de desnível de poder em relação a objetos, seres, legislações, crenças ou valores, entendendo o poder como uma condição de possibilidade de ação em função de desejo ou iniciativa, consciente ou não.

 

É semelhante à transgressão e independe de o ato ser coletivo ou individual. Também tem caráter ético, moral, científico, legislativo, cultural ou de qualquer nível público, o que torna o ato da transgressão uma infração a uma lei.

 

Um cuidado importante é que o termo abuso pode vir associado à ideia de poder do abusador sobre o “objeto” abusado, que não pode ou não quer (por motivos intimidatórios reais ou não) resistir e/ou se contrapor ao abuso.

 

A noção de abuso pode ser aplicada de diferentes maneiras para formar diversos conceitos, tais como abuso de autoridade, da força de confiança, de direito, de posição dominante, sexual, psicológico, físico e negligência.

 

Sofrimento

Antigamente, por falta de conhecimento sobre o assunto e por se sentirem responsáveis pelo abuso, as vítimas, além de não formalizarem a denúncia, ficavam caladas e em sofrimento durante toda a vida.

 

Isso geralmente acarretava o desenvolvimento de transtornos mentais, traumas, esquivas de relacionamentos, interferências nas relações interpessoais e laborais, risco de suicídio, entre outros.

 

Hoje, com a evolução da psicologia, da psiquiatria e das pesquisas científicas, são encontrados tratamentos eficazes para quem passou por uma ou mais experiências de abuso.

 

Acolhimento

No atendimento a vítimas de abuso, cabe ao profissional da psicologia acolher e amenizar o sofrimento causado por esse tipo de violência, levando o paciente a encontrar ferramentas para lidar com suas emoções e sentimentos e superar possíveis traumas.

 

O apoio psicológico deve ser direcionado para cada indivíduo a partir das suas próprias demandas, da sua própria história, oferecendo um ambiente seguro e que transmita confiança.

 

O terapeuta procura fortalecer a autoestima do paciente, bem como ajudar no processo de enfrentamento das consequências do abuso, ensinando repertórios comportamentais de regulação emocional e desenvolvendo outros de habilidades sociais a partir de uma escuta não julgadora, mas acolhedora.

 

Em muitas situações, além da psicoterapia, é necessária a combinação com a psicofarmacoterapia, o que envolve a participação do médico psiquiatra.

 

Prevenção

Contribuir para a prevenção do abuso também é papel dos profissionais da psicologia. Nesse caso, destaca-se a importância de um trabalho com várias frentes de atuação, incluindo políticas públicas atuantes em apoio à comunidade, a fim de que ofereçam informação, bem como melhores condições econômicas, sociais e de saúde para as famílias.

 

O trabalho junto às escolas também é de extrema necessidade quando as vítimas do abuso são crianças e adolescentes, para que aprendam, por exemplo, os limites de seus corpos, o que deve ser tolerado ou não, a identificação da violência e onde podem buscar ajuda.

 

As ações de prevenção dos profissionais da psicologia englobam, ainda, atuação nas comunidades e famílias, orientando, identificando e notificando casos de abuso.

 

Em casos específicos, o psicólogo pode optar pela quebra de sigilo e compartilhar informações sem a concordância por escrito do paciente. Porém é importante lembrar que essa quebra de sigilo é um direito, não um dever.

 

Algumas situações desse tipo surgem quando há suspeita de risco à vida do paciente ou de terceiros; quando há violência doméstica em curso, negligência ou abuso de incapazes; e quando o psicólogo recebe uma ordem judicial.

 

Ferramenta

‘Abuso e assédio: conversando, identificando e compreendendo’, de autoria da psicóloga Cristiane Flôres Bortoncello e publicada pela editora RIC Jogos, é uma ferramenta para promover diálogos e compreender profundamente esses temas.

 

Contém um manual, 50 cards com perguntas, 17 cards conceituais e 17 cartões com exemplos para abordar questões relacionadas ao abuso e assédio.

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