0

Resumo do Carrinho

    22/01/2024

    O que são pensamentos automáticos?

    O conceito de pensamento automático está diretamente ligado ao conceito de crenças centrais e crenças intermediárias segundo o modelo cognitivo desenvolvido pelo psiquiatra norte-americano Aaron Beck.

     

    Tal modelo norteia a compreensão do funcionamento mental humano e dos processos cognitivos envolvidos nos transtornos mentais, sendo a base teórica fundamental das terapias cognitivo-comportamentais (TCCs).

     

    Crenças nucleares

    Para Beck, o sistema cognitivo é composto por três níveis. O primeiro engloba as crenças nucleares, que são o nível mais profundo da estrutura cognitiva e compostas de ideias inflexíveis, absolutistas, globais e generalizadas.

     

    Representam os mecanismos desenvolvidos pelos indivíduos para lidarem com as situações cotidianas, como percebem a si mesmos, os outros e o mundo e o futuro (tríade cognitiva).

     

    Intermediárias

    Já o segundo nível envolve as crenças intermediárias, isto é, atitudes, suposições e regras que definem a maneira como as pessoas devem agir, bem como protegê-las de reações negativas ligadas a possíveis crenças centrais disfuncionais.

     

    Ocorrem sob forma de suposições, regras ou pressupostos, atuando como suporte para as crenças nucleares.

     

    PAs

    Por sua vez, os pensamentos automáticos aparecem no terceiro nível. Também conhecidos como PAs, podem ser entendidos como uma forma rápida e espontânea de representar as cognições breves de forma a proporcionar que o indivíduo perceba mais facilmente a emoção vinculada ao pensamento em vez do conteúdo do pensamento em si.

     

    Os pensamentos automáticos podem ser tanto positivos quanto negativos e se relacionam funcionalmente à ativação de crenças e esquemas mais profundos.

     

    Tipos

    Os pensamentos automáticos podem aparecer de três formas. Uma delas é o PA distorcido, um dos mais comuns na clínica. Caracteriza-se pela distorção da realidade da experiência e impressão vivida pelo sujeito. Dessa forma, ainda que tenha todas as informações que comprovem algo, ele pensa justamente o oposto.

     

    O outro tipo de PA é o pensamento preciso e com conclusão distorcida. Nesse caso, existe uma pequena diferença, pois parte do raciocínio está tecnicamente correta e alinhada com a realidade.

     

    O ponto-chave desse pensamento é que, ainda que o paciente entenda que algo está acontecendo ou aconteceu com ele, a conclusão que tem diante daquilo é normalmente dramática demais, além de provocar generalizações sem fundamentos.

     

    Já o pensamento automático preciso e disfuncional causa sofrimento mental por seguir um raciocínio semelhante, porém tratando-se do outro extremo. Segue uma linha de raciocínio particular, que não foge exatamente da realidade, porém a encara de uma forma intensa demais.

     

    Princípios

    Com base nesses três níveis de cognição, os psicoterapeutas das TCCs atuam de diferentes formas. Existe, no entanto, um formato de funcionamento que envolve princípios fundamentais.

     

    Um desses princípios é a conceitualização cognitiva do caso, que abrange a compreensão das queixas e dos problemas do paciente e é algo contínuo e em constante desenvolvimento no processo terapêutico.

     

    Outro princípio é a aliança terapêutica, sendo que essa relação deve se estabelecer em uma conduta de empatia, respeito, confiança e colaboração.

     

    As TCCs também são estruturadas, focadas nos problemas atuais e nas metas estabelecidas mutuamente para o tratamento como um todo.

     

    Embora a ênfase no presente seja outro princípio, se considera uma perspectiva longitudinal, pois os problemas da atualidade podem se relacionar com questões do passado e futuro.

     

    Já os princípios da psicoeducação e da prevenção de recaídas são educativos. Visam ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta, a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais, enfatizando a prevenção da recaída na etapa final do processo.

     

    Outro importante princípio é o uso de uma variedade de técnicas para mudar o pensamento e o comportamento do indivíduo. Entre elas, estão a psicoeducação, o pensamento socrático, o registro dos pensamentos disfuncionais e as tarefas terapêuticas, por exemplo.

     

    Ferramenta

    No processo de mudança proposto pelas TCCs, também podem ser utilizados recursos lúdicos. O ‘Tabuleiro cognitivo’, publicado pela editora RIC Jogos, é um jogo para identificar crenças e pensamentos disfuncionais.

     

    De autoria das psicólogas Catarina Brandão e Regina Azevedo, foi criado com o objetivo de guiar o paciente de forma colaborativa à reflexão de seus pensamentos disfuncionais e de suas crenças intermediárias e nucleares no setting terapêutico.

     

    A ferramenta facilita a comunicação entre terapeuta e paciente principalmente nos casos de introspecção, podendo ser usada na terapia com adultos, casais e famílias, assim como auxiliar no processo de psicodiagnóstico terapêutico.