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Resumo do Carrinho

    25/03/2024

    Diagnóstico de câncer: qual é o papel da psicologia?

    Receber o diagnóstico de câncer é uma situação transformadora sempre difícil, pois ainda hoje a palavra é associada à morte, o que faz com que muitas emoções e sentimentos sejam potencializados.

     

    Independentemente do estágio da doença, todo paciente passa por algum nível de sofrimento quando recebe o diagnóstico de câncer. Tanto pelo que a doença pode causar ao longo da sua evolução, quanto pelo tratamento.

     

    Entre as manifestações emocionais mais comuns, está o transtorno de adaptação, que inclui uma série de sintomas e comportamentos que podem diminuir a funcionalidade da pessoa em suas tarefas do dia a dia, incluindo agressividade, prostração e isolamento social. Também podem surgir depressão e ansiedade.

     

    Família

    Não só o paciente é afetado pelo diagnóstico de câncer. Sua família também é impactada e seus membros podem ter sérias mudanças de comportamento, com a manifestação de emoções e sentimentos como raiva, tensão, ansiedade, descrença e negação.

     

    Todas essas alterações fazem com que seja necessário um processo de reestruturação da família nas diferentes fases de evolução do câncer para que seus integrantes se adaptem à nova condição. Isso porque, assim como os familiares sofrem as consequências diretas da doença, eles também influenciam o tratamento do paciente.

     

    Em qualquer um desses contextos, o acompanhamento psicológico é recomendado não somente para o paciente, mas para a família como um todo.

     

    Nesses casos, o tratamento é intenso e duradouro. Portanto, saber fazer uma boa avaliação é essencial para os profissionais da saúde mental que trabalham com esse público, uma vez que a expressão das emoções e o fortalecimento dos recursos de enfrentamento são fundamentais para uma boa elaboração e trabalho terapêutico.

     

    Psico-oncologia

    Na década de 1970, Jimmie Holland, médica psiquiatra do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, Estados Unidos, deu início a um trabalho com o objetivo de responder algumas questões relativas ao diagnóstico de câncer.

     

    Entre essas questões, constavam: o que são respostas normais ao câncer; quais são anormais, refletindo um sofrimento que possa interferir no plano de tratamento; qual a prevalência de problemas psicológicos que indicam a necessidade de psicoterapia; as reações emocionais afetam o curso da enfermidade negativa ou positivamente; quais as intervenções e os métodos de enfrentamento que podem reduzir o sofrimento?

     

    E foi por meio desse questionário que ela começou a estudar o impacto psicológico do diagnóstico do câncer. Esse e outros trabalhos fundamentaram a psico-oncologia, que se tornou uma subespecialidade da oncologia na década de 1990.

     

    A psico-oncologia se propõe a estudar as duas dimensões psicológicas presentes no diagnóstico da doença: o impacto do câncer no funcionamento emocional do paciente, sua família e profissionais de saúde envolvidos em seu tratamento; e o papel das variáveis psicológicas e comportamentais na incidência e na sobrevivência ao câncer.

     

    Sendo assim, com base na psico-oncologia, o cuidado psicoterapêutico do paciente oncológico vem ganhando cada vez mais espaço e importância.

     

    Ferramenta

    Os cards ‘Cuidando do paciente oncológico’, da editora RIC Jogos, foram criados com o objetivo de ajudarem os psicólogos a fazerem avaliações adequadas e oferecerem melhores suportes aos seus pacientes com diagnóstico de câncer.

     

    Elaborada pelas psicólogas Daniela Ferreira e Ingrid Bertollini, a ferramenta dispõe de 80 cartas divididas em três partes.

     

    Em uma delas, o profissional encontra perguntas diretas que favorecem a avaliação sobre o estado geral e conhecimento do paciente acerca do seu adoecimento. A partir das questões, o terapeuta pode fazer um plano de cuidado ao seu cliente.

     

    Também há cartas referentes ao resgate das emoções em que o profissional encontra perguntas facilitadoras para que o paciente possa entrar em contato com seus sentimentos e emoções acerca do adoecimento, favorecendo, assim, melhor expressão e ressignificação dos seus conteúdos emocionais.

     

    Por fim, há as cartas com técnicas terapêuticas que podem ser utilizadas dentro e fora do consultório. O profissional pode aplicar as técnicas e/ou adaptá-las de acordo com seu repertório ou contexto.